Crítica – Viúva Negra
ATENÇÃO – O TEXTO A SEGUIR CONTÉM SPOILERS DO FILME E TAMBÉM DA SÉRIE LOKI
A Marvel é tão incrível que até quando ela erra, ela acerta. Viúva Negra é um excelente filme de ação. Todos os requisitos para isso estão lá: perseguição de carros, lutas bem coreografadas, explosões, tiro, porrada e bomba. Adicione elementos dos quadrinhos e temos mais uma película para o incrível Universo Cinematográfico da Marvel. O famigerado MCU.
Mas se o filme é tudo isso, por que raios a Marvel errou? Primeiro porque eu sou um chato de galochas, e segundo porque Viúva Negra está na mesma prateleira que Capitã Marvel. Ou seja, um filme solo usado para preencher lacunas que se tivessem passado batidas não fariam diferença.
Família de viúvas
O longa é focado em Natasha e as consequências da Guerra Civil. Enquanto a turminha do Homem de Ferro curte as regalias oferecidas pelo governo, a patota liderada por Capitão América está presa na Balsa. Apenas Rogers e Romanoff estão soltos. O paradeiro de Steve é desconhecido, mas Natasha está em fuga tentando sobreviver.
E aí entra a família das viúvas. O começo do filme mostra um pouco de como era a vida da pequena trupe russa e o que eles faziam em solo norte-americano. Tem até a famosa Sala Vermelha. Óbvio que todo o esquema vai por água abaixo separando a família. Jumpcut para o presente e Natasha precisa (adivinhem?) reunir os seus parentes para matar o vilão, conquistar sua liberdade, pintar os cabelos de louro e libertar os prisioneiros da Balsa.
Não é uma tarefa fácil. O pai é o Guardião Vermelho, o Capitão América da Rússia, e serve de alívio cômico. Que por sinal funciona muito bem. David Harbour caiu como uma luva no personagem e já que no MCU pode tudo, queria um filme dele. A mãe, Melina Vostokoff (Rachel Weisz) é a clássica heroína que fez coisa errada porque estava sendo controlada pelo verdadeiro vilão. E a irmã mais nova, também Viúva Negra (Florence Pugh), treinada na Sala Vermelha, a todo momento quer mostrar o seu valor.
Resumindo, nada que a sua ou a minha família já não tenha passado. Guardada as devidas proporções, a dinâmica dos Romanoff poderia se encaixar em qualquer filme do gênero.
O que aconteceu em Budapeste?
Lembram da conversa entre Natasha e Clint Barton em Vingadores: Guerra Infinita? Pois bem, no filme da Viúva ficamos sabendo o que aconteceu em Budapeste. Ou seria Budapexte? Enfim, é uma daquelas explicações para acalentar o ego dos fãs mais cricas que exigem tudo mastigado e deglutido.
Aliás, Clint Barton e demais Vingadores são mencionados o tempo todo. Seja para lembrar algo que aconteceu em filmes anteriores, seja para dar dicas do que virá a seguir no MCU. E esse é o trunfo de Viúva Negra: unir ainda mais os elos que ligam todos os filmes da franquia. Nisso a Marvel é incontestável.
Outra grande sacada são as tiradas de sarro com a própria saga da heroína. Desde a sua primeira aparição em Homem de Ferro 2, Scarlett Johansson/Natasha Romanoff sofreu duras críticas por ser sexualizada em suas poses pré, durante e pós batalhas. E aí aparece a sua irmã mais nova lembrando a todo momento como ela consegue “fazer aquela pose no chão jogando o cabelo para trás” enquanto o pau come.
Vilões desnecessários
Dreykov (Ray Winstone) é a mente por trás de todas as artimanhas. Criador da Sala Vermelha e do programa de recrutamento das Viúvas Negras, é um vilão sem sal, sem açúcar e com um motivo bem simples para usar de desculpa para conquistar o mundo.
É em Budapeste (ou seria Budapexte?), que as coisas fedem para Natasha e Barton. Decidida a acabar com a vida de Dreykov, afinal ele foi responsável pela morte de sua mãe e pelo treinamento sinistro na Sala Vermelha, a dupla parte numa missão para derrotá-lo. Para ter certeza que o cara vai morrer, eles usam a filha dele para explodir o local. E adivinha, não rolou.
A filha explode, a sala explode, o prédio de cinco andares explode, mas Dreykov continua pleno sem nenhum arranhão. De quebra consegue resgatar sua filha e transforma a coitada no Treinador. Personagem que consegue imitar todos os golpes de qualquer herói ou vilão que tenha visto lutar. Esse é um daqueles furos no roteiro que para chatos como eu poderiam ter feito melhor.
Para piorar, a participação do Treinador(a) é recatada demais e o personagem acaba tendo um destino parecido com o de Venom no terceiro filme de Tobey Maguire no papel do Homem-Aranha. Tinha tudo para ser um vilão incrível, mas acabou sendo queimado na sede de contar todo o arco do personagem. Lamentável!
Volta Natasha
Como eu disse, o filme amarra bem as consequências entre Guerra Civil e Guerra Infinita. Tanto que ao final fiquei com muita vontade de assistir os três na sequência. E ainda deixa aquele pós-crédito maroto. Nele vemos a pequena Viúva prestando homenagens em frente ao túmulo de Natasha Romanoff. E não é que a misteriosa Valentina Allegra de Fontaine surge toda engraçadinha? É ela que passa a próxima missão da Viuvinha: matar Clint Barton. A desculpa é que ele foi quem matou Natasha. Uma mistura dos infernos.
Valentina apareceu pela primeira vez na série do Falcão e Soldado Invernal. Lá ela recruta o Agente Americano (o Capitão América fake) e agora é a vez da Viúva Negra fake entrar para o time. O que Valentina anda planejando só o futuro pode dizer.
Entretanto, com Loki andando para lá e para cá na linha do tempo, podemos conjecturar inúmeros futuros. Com a possibilidade de voltar ao passado, as portas para personagens já mortos se abrem com aquela luz brilhante de cegar os olhos. A Marvel pode tomar os rumos dos quadrinhos onde heróis e vilões retornam das tumbas numa virada de página.
Ainda existe a possibilidade de trazer personagens clássicos de outras linhas temporais. Nos quadrinhos isso acontece direto. E nessa podemos ter um novo Capitão, uma nova Natasha e até um Homem de Ferro novo em folha. Afinal, os Lokis estão aí para provar que tudo é possível.
Viúva Negra
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