Crítica – Mestres do Universo: Salvando Eternia
ATENÇÃO: O texto contém spoilers da 1ª temporada
Quando fiquei sabendo que um dos meus desenhos favoritos ganharia um remake pelas mão da Netflix, fiquei empolgado. Eu tinha tudo do He-Man. Bonecos, livros para colorir, carrinhos e até o famigerado Castelo de Grayskull. Porém, quando vi que o nome do principal personagem estava fora do título, fiquei mais receoso.
O mais incrível é que todos os personagens possuem traços fiéis ao desenho original. A paleta de cores é a mesma. Inclusive, os efeitos sonoros são bem parecidos. Me recordei da época de moleque quando assistia o desenho na tv. Mas o He-Man/Adam não ficou legal. Por que foram mudar o cara? Todo mundo igual menos ele. Já começa estranho.
A história se inicia logo após os eventos da animação original. Finalmente o Esqueleto (Mark Hamill sempre mandando bem) consegue se apoderar da Espada do Poder. Porém, He-Man se sacrifica para acabar com o seu arqui-inimigo mandando ambos para o além e, de quebra, partindo a espada em duas. A partir daí, Teela (Sarah Michelle Gellar, a Buffy), filha do Mentor, que passou o desenho original todo tentando ocupar o lugar do pai, descobre que o Príncipe Adam e He-Man são a mesma pessoa.
Ela então joga tudo às favas e vive como uma renegada. Claro que o passado volta para assombrá-la e a braço-direito de Esqueleto, a Maligna (Lena Headey, Cersei Lannister de Game of Thrones) dá as caras para dizer que toda a magia de Eternia provinha da Espada do Poder. Como o artefato foi dividido, é preciso recuperar as duas partes, forjar a arma e salvar o universo.
Então a mais inusitada das alianças é formada. Teela, Maligna, Homem-Fera, Gorpo e mais alguns personagens novos vão atrás do mesmo objetivo. No final He-Man (Chris Wood) volta com a Espada do Poder nova em folha. Para restaurar a magia de Eternia e salvar o universo, Príncipe Adam começa a famosa frase “Pelos Poderes de Grayskull”. Porém, sem saber, ele trouxe Esqueleto de volta. E quando Adam puxa o “Eu tenho a…”, seu inimigo o atravessa com uma lança, toma a Espada do Poder e a temporada acaba.
Com um elenco tão estrelado e um resumo desses (modéstia à parte) parece que Mestre do Universo: Salvando Eternia alcançou os objetivos. Mas não. O primeiro episódio vai bem. Mas depois é ladeira abaixo. Longe de mim criticar a escolha de personagens femininas, mas tudo é bastante forçado, questões importantes são resolvidas em minutos e a essência de He-Man passou longe.
E olha que nem falei no Gorpo. A criatura mágica que acompanhou He-Man nas mais diversas aventuras, causando mais problemas do que ajudando, quando finalmente revela o seu verdadeiro poder, ele morre. Todo mundo importante morre nesta animação.
Resumindo, muita conversa e pouca ação. Com o trono do Esqueleto sem um dono eu achava que teríamos mais vilões clássicos brigando por ele. A galeria de inimigos do He-Man é enorme. Mandíbula, Aquático, Triclope, Lagartauro, Modulok e mais uma penca. Porém, só o Triclope que virou um maníaco religioso, tem alguma participação. Para piorar, as cenas de luta são rápidas e sem graça.
O destaque vai para a trilha sonora. Pesada, roqueira, metaleira e doideira. É disso que a gente gosta. A abertura já manda ver nos acordes certeiros e ao longo dos episódios a trilha mantém um excelente nível. Porém, não o suficiente para ser uma série interessante para quem não é fã.
Mestres do Universo: Salvando Eternia caiu na mais nova armadilha do entretenimento. Ao tentar dar espaço para personagens femininas que antes eram relegadas ao plano de fundo (talvez com exceção de Maligna), mas sem um roteiro bem amarrado, tudo parece forçado dando a impressão de Clube da Luluzinha. Teela poderia muito bem ficar com a Espada do Poder e salvar Eternia, mas preferiu deixar a tarefa para o poderoso He-Man que, como vimos, não deu certo.
Porém, mesmo com tantos erros, o final deixa uma verdadeira âncora para a sequência. He-Man volta? Esqueleto reinará soberano? Maligna é mesmo do mal? E Teela e sua amiga? Pacato voltará a ser o Gato Guerreiro? Perguntas que espero serem respondidas na 2ª temporada.