Pérolas do Game Pass – The Artful Escape
O serviço Game Pass é o mais completo que existe hoje no Brasil. Sony e Nintendo comem poeira da Microsoft neste quesito. São tantos títulos à disposição que é até difícil saber qual escolher para jogar. Por isso, com a ajuda da curadoria do Bar dos Gamers, criamos a seção Pérolas do Game Pass onde iremos trazer as joias mais raras escondidas dentro do serviço. Para começar, um jogo literalmente tocante, The Artful Escape.
Ser ou não ser
The Artful Escape é daqueles jogos que te pegam no primeiro acorde. A música do menu inicial foi o suficiente para me prender na cadeira e começar a jogar. Jhonny Galvatron é o projetista responsável pelo game que tem desenvolvimento da Beethoven & Dinosaur sendo produzido pela Annapurna Interactive, mesmo estúdio responsável por outras pérolas como 12 Minutes, Outer Wilds e What Remains of Edith Finch.
Francis Vendetti é um jovem músico folk que segue os passos de seu tio e lenda local, Johnson Vendetti. O artista era um gênio do estilo e amado pela população de Calypso. No aniversário de 20 anos do álbum de Johnson, Francis deve se apresentar tocando as músicas do tio. Mas o jovem músico não sabe direito que caminho seguir.
Ao mesmo tempo que a razão lhe diz para fazer o costumeiro e agradar o público local homenageando o irmão de seu pai, sua emoção lhe diz o contrário. Criar e seguir o seu próprio legado. E aí começa a aventura Metal Ópera Espacial Psicodélica em The Artful Escape.
Esmerilhando a guitarra
Num momento de introspecção, Francis é abordado por uma garota que o convida para fazer parte de uma turnê cósmica ao lado da lenda da guitarra, Mister Lightman (Carl Weathers, ninguém menos que Apollo Creed). Sem entender direito o que isso significa, Francis embarca na maior aventura de sua vida.
Literalmente abduzido (ou seria um sonho?), ele atravessa as portas da realidade para cair de cabeça no cosmos onde tudo pode acontecer. Se tivesse algum tipo de narração off, sem dúvida a voz teria que ser do astrofísico Neil deGrasse Tyson. A viagem é uma mistura de ácido, rock e metal onde você deve provar o seu valor para os maiores nomes deste e de outros universos.
Na posse de uma guitarra holográfica, Francis tem vários caminhos a seguir, mas todos levam ao mesmo destino: sua história, seu legado, sua música. Com uma biografia totalmente nova, ele até muda de nome ao longo da jornada, The Artful Escape é uma ode ao bom gosto musical.
Led, Hendrix, Satriani, Bowie
A gameplay é a mais simples possível. Basta atravessar os cenários tocando a sua guitarra para depois enfrentar um ser cósmico em duelos dignos dos melhores filmes. Eu achava que o estilo seria Guitar Hero quando na verdade é uma coisa mais Genius. Basta acertar as sequências para dar um show e seguir em frente.
Falando assim pode soar simplista até demais, mas a graça está na música, nos efeitos visuais, na psicodelia e não no jeito que você toca. Para complementar a viagem, os cenários são verdadeiras obras de arte que parecem ter saído das capas dos melhores álbuns do Led Zeppelin e Jimi Hendrix. A qualidade sonora te faz lembrar de grandes guitarristas como Joe Satriani. E os essenciais diálogos entre Francis, Lightman e demais seres cósmicos poderiam muito bem ser a letra de alguma música do David Bowie.
Ninguém sabe da sua história até cruzar os seus passos
A mensagem deixada em The Artful Escape não poderia ser mais sublime. Tenho certeza que todos já passaram ou passarão por isso um dia, ter que se provar para outras pessoas que esperam de você o que outros já fizeram. E aqui Francis grita um sonoro “NÃO”! Ninguém precisa se provar para ninguém a não ser ele mesmo. Se olhar no espelho e reconhecer a sua luta, a sua história, o seu legado. Entender que o passado é a base para transformar o seu futuro, e não uma linha reta que você deve seguir sem olhar para os lados.
As mudanças em Francis não são só no nome e na aparência, mas também na alma e principalmente no coração. A jornada sublime que o leva para os cantos mais incríveis de todos os universos foi transformadora também para mim. Realmente me senti tocado pelo jogo e sinceramente emocionado ao escrever sobre ele. Poucos títulos me fizeram sentir essas emoções.