REVIEW – Kena: Bridge of Spirits
A primeira vez que vi um vídeo de gameplay de Kena: Bridge of Spirits já sabia que seria um grande jogo. O novato estúdio Ember Lab, oriundo das animações, entregou um título digno de figurar entre os finalistas ao GOTY deste ano. Confira o review completo do game.
Animação jogável
Não importa a época, quem é entusiasta dos videogames vai querer sempre a melhor experiência que a máquina pode oferecer. E isso se traduz em qualidade gráfica. Kena é uma verdadeira aula. Apesar de ser fácil perceber a diferença entre CGs e gameplay, algumas partes do jogo estão próximas daquele nível “animação jogável”, que muitos (e estou nesse bolo) tanto desejam.
As opções gráficas oferecem os já famosos modo qualidade e desempenho. No primeiro o game roda a 30FPS e 4K nativo. Já o segundo força a resolução pro alto mas entrega 60FPS lisos e maravilhosos. Intercalar entre os dois modos é rápido e assim é possível jogar no desempenho máximo e também fazer fotos em 4K! É o sonho de todo criador de conteúdo. Mas estou divagando. Voltemos ao jogo!
A Ember Lab usou toda a sua experiência com animações e já na sua primeira tentativa no mundo dos games entregou um trabalho impecável nesse quesito. Dá para notar o conhecimento e, principalmente, a paixão da equipe ao longo do jogo. Kena, interpretada pela jovem Dewa Ayu Dewi Larassanti, pode figurar facilmente entre as heroínas mais fodonas dos games.
Aumenta o volume
Se o trabalho visual ficou incrível, fico até sem palavras para descrever a trilha sonora de Kena: Bridge of Spirits. Do início ao fim a música instrumental acompanha a personagem mudando de tom sempre que necessário. Na Vila principal, por exemplo, a faixa lembra muito os calmos e reconfortantes acordes usados nas aparições do Condado na Trilogia O Senhor Dos Anéis!
A música em Kena é tão marcante que pode ser considerada uma personagem do game. Todas as vezes que enfrentei algum chefe me peguei mais preso à trilha tensa e ao mesmo tempo aventuresca, do que na luta em si! Junto dos efeitos sonoros de cada golpe, flechada, saltos e da dublagem, a Ember Lab acerta em cheio também neste quesito.
Faça outra vez
Ok, o game é realmente incrível nos quesitos mais técnicos, por assim dizer. Mas e a parte que realmente importa? E a jogatina? Bom, a gameplay em si é muito boa e de fácil aprendizado. Nada diferente do que se tem em jogos do gênero. Afinal, ninguém está nessa para reinventar a roda. Tudo funciona e é fácil encaixar combos e golpes diferentes enquanto manipula os Rots para ajudar nas batalhas.
Porém, é nas missões que Kena: Bridge of Spirits mais se perde. Sem dar spoilers sobre a história, você precisa libertar um ser maligno que corrompeu aquele mundo. Para isso é preciso recolher três artefatos. E cada artefato te leva para uma missão que para ser concluída é preciso, adivinhem? Recolher outros três artefatos. Sim, ao final da jogatina parece que tudo foi uma repetição da primeira missão.
O que me impeliu a seguir em frente foi a história, que poderia ser usada facilmente em qualquer longa de animação, e as batalhas contra os chefes. (Aqui deixarei o palco aberto para o apedrejamento virtual: encarei Kena no modo fácil. Pronto falei). Cada combate contra os principais inimigos possuem seus próprios elementos, obrigando o uso de várias estratégias. Outro ponto positivo são as habilidades aprendidas ao longo da aventura. Todas elas necessárias para Kena sair vitoriosa de cada batalha.
E esse tal de Rot?
Para finalizar, dedicarei algumas linhas aos seres mais cuti-cuti que a indústria dos games já fez. Os Rots! Os pequenos e graciosos seres acompanham Kena desde os minutos iniciais e são peça fundamental na jogatina, seja resolvendo puzzles ou usados em combates, e também na história.
Eles estão espalhados por todos os cenários e é com eles que Kena sobe de nível para liberar novas habilidades. Então, a busca pelos Rots faz parte da jogatina obrigando explorar o mundo atrás dessas criaturas. E já que é preciso olhar cada canto, estão lá os baús, cristais, desafios secundários e chapéus. Muitos chapéus.
É possível enfeitar os seus amiguinhos com uma infinidade deste item do vestuário. A questão visual não muda nada na jogatina, mas é muito divertido liberar cada um deles e ver a trupe de Rots usando chapéus variados.
Quero mais
O título que saiu apenas para PlayStation 4/5 e PCs, merece uma excelente nota nove. Alguns podem dizer que um oito estaria de bom tamanho. Concordo, mas sempre gosto de lembrar que tudo isso que a Ember Lab entregou foi de forma independente e com uma equipe reduzida. Dizem por aí que foram apenas 17 pessoas. Aliás, tem brasileiro nesse barco. Os profissionais Rodrigo (@rodrigopixel) e Jonfer Maia (@jonfer_maia) estão entre os que trabalharam no jogo.
Faltou pouco para não alcançar o sonhado 10/10. Porém, Kena: Bridge of Spirits merece a atenção de todos os apaixonados por jogos que entregam o pacote completo. Pena que o ímpeto da Ember Lab é travado pelas missões repetitivas. Talvez numa segunda aventura isso mude!