25 Anos de Gran Turismo – O Renascimento da Franquia
Vocês acompanharam aqui o surgimento de uma das maiores franquias de corridas de todos os tempos. Gran Turismo sempre teve seu foco na cultura do automóvel e sua sétima e última versão resgata isso de forma suprema. Porém, durante alguns anos Mister Yamauchi teve que amargar as últimas colocações antes de fazer um pit-stop e voltar como tudo para a disputa. Confira abaixo a segunda parte dessa história.
Gran Turismo 5
Com um novíssimo e poderoso hardware que rodava a inédita mídia Blu-ray, os fãs da série ficaram empolgados com as possibilidades do primeiro GT para o PlayStation 3. Porém, podemos dizer que a virada da geração não foi muito amigável com a franquia.
Antes do lançamento de Gran Turismo 5 em 24 de novembro de 2010, a Polyphony Digital pregou uma peça e tanto com o inacabado GT5 Prologue. O que era para ser uma prévia do jogo final acabou se mostrando um desastre. Com apenas 60 carros e 6 pistas, o game foi a única alternativa para os fãs da série durante três longos anos. Apesar das melhorias gráficas, o título será lembrado como uma demo de luxo. Mas voltemos ao GT5.
Quando finalmente o jogo completo chegou, seu rival Forza Motorsport já estava com três títulos lançados. Ou seja, a competição foi dura e o game da Polyphony não conseguiu bater de frente, muito menos se manter na primeira posição. O grande atrativo eram os carros “premium” que podiam ser pilotados com visão de dentro.
A quantidade de veículos também aumentou, são 1.063 no total acelerando em 20 pistas. Não eram muitos lugares diferentes, mas com a nova possibilidade de criar pistas deixava o jogo mais palatável. Outra novidade foi o “dano” nos veículos e efeitos nas pistas como marcas das freadas e arranhões nos muros. Porém, com um grande rival à altura e poucas novidades na gameplay, GT5 não passou de um Prologue mais recheado.
Gran Turismo 6
Ainda no PS3 e apenas três anos após o lançamento de seu antecessor, Gran Turismo 6 chegou impondo respeito com uma parceria inédita entre a Polyphony Digital e a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), sendo o primeiro game do gênero a receber a chancela da Federação. Essa foi a primeira acelerada nos campeonatos oficiais da franquia.
Os modos de jogo são tradicionais com pequenas adições como o “Coffee Break” que oferece mini-games onde o jogador deve derrubar pinos de boliche ou pilotar um trecho da pista com uma certa quantidade de combustível. Mas Kazunori Yamauchi não quis ficar para trás na disputa contra o Forza. Para isso, o desenvolvedor levou o seu jogo para a Lua.
Sim, pela primeira vez na história dos games de corrida foi possível pilotar nada menos que o Módulo Lunar usado na Missão Apollo 15. A física e a ambientação na Lua ficaram incríveis. Foi memorável tentar segurar o “carro dos astronautas” na baixa gravidade do nosso satélite. Essa lembrança poderia ser resgatada.
Não contente em levar seus jogadores para a Lua, Mister Yamauchi foi além e fez uma parceria surreal com o Instituto Ayrton Senna. Lançado como uma atualização gratuita, este conteúdo inédito colocava o jogador na pele do tricampeão. Dividido em quatro partes, o “Tributo a Ayrton Senna” reconstituiu a vida do piloto por meio de fotos e vídeos. Os jogadores também puderam colocar as mãos em vários carros usados pelo piloto, como o seu mítico kart nº 17 e a Lotus 97T!
Com um total de 1.197 veículos e 71 circuitos, Gran Turismo 6 agradou os amantes da velocidade. Seus conteúdos e parcerias inéditas eram os grandes atrativos, ainda mais para os brasileiros e japoneses que tratam Senna como um verdadeiro herói. Porém, visto como um jogo, GT6 não conseguiu terminar na primeira colocação e encerrou a disputa da sétima geração mais atrás do Forza.
Gran Turismo Sport
Mais uma virada de geração e mais uma expectativa jogada pela janela. GT Sport até que surgiu com uma premissa nova, focar nos campeonatos onlines e dar aos pilotos virtuais a chance de ingressar numa equipe de automobilismo real. Porém, todo o resto do conteúdo offline foi deixado de lado, assim como muitos carros e pistas que foram sendo adicionadas (de forma gratuita, vale destacar) ao longo dos anos.
Gran Turismo Sport até oferece uma jogatina contra a máquina, inclusive possui algumas pistas inéditas como Interlagos e, pela primeira vez, colocou os carros da Porsche à disposição dos jogadores. Mas esse conteúdo chegou de forma tardia e deixou na mão aqueles que queriam continuar com o famoso ritual: comprar um carro usado, trocar o óleo, mandar lavar e cair na pista.
Com míseros 279 carros e parcas 27 configurações de pistas, Gran Turismo Sport deixou a desejar no quesito diversão. Porém, no quesito disputa online é um dos grandes vencedores. Ao longo das temporadas a Polyphony ao lado de sua parceira FIA, disponibilizaram centenas de desafios que, como dito, davam a chance aos maiores pilotos virtuais de figurar entre os pilotos da vida real. Casos como o do Igor Fraga ficaram famosos.
Nascido no Japão, Igor Omura Fraga, é filho de brasileiros e começou cedo no automobilismo. Aos 13 já havia ganhado alguns campeonatos de kart e rapidamente caiu nas graças do Gran Turismo. A franquia, desde o seu primórdio, ajuda pilotos com o seu GT Academy. Igor venceu o primeiro campeonato das nações no GT Sport (representando o Brasil), sempre com a chancela da FIA. Hoje, o piloto galga o seu caminho para a F1 com o apoio da Polyphony Digital.
Gran Turismo 7
Finalmente chegamos ao mais recente título da franquia. Como vocês puderam notar, seu antecessor não teve uma numeração. Ou seja, nem a própria Polyphony Digital considerou o GT Sport como uma sequência direta. Sem nada do que fez a franquia famosa como os carros usados, as licenças e disputas em campeonatos clássicos como o Clubman, Gran Turismo 7 resgata toda a finesse imaginada por Kazunori Yamauchi.
Logo de cara com o menu principal sentimos que a alma do Gran Turismo voltou para ficar. Melhor dizendo, a paixão pela cultura automobilística veio para ficar. Kazunori nunca escondeu o seu afã pela categoria e transborda isso a todo o momento. É possível destrinchar um carro em todos os detalhes e para quem joga no PlayStation 5 as coisas só ficam melhores.
O mais impactante, sem dúvida alguma, é pilotar com o DualSense. Em todos os vídeos de divulgação e desenvolvimento, Yamauchi fazia questão de salientar o novo controle da Sony. Sentir cada aspecto da pista com suas ranhuras e zebras, notar o clima mudando e rodar na brita. Tudo é passado como resposta háptica para o controle. É realmente a verdadeira experiência planejada pela Polyphony.
Obviamente o uso de um volante de ponta ainda faz a diferença nos segundos a menos que você pode tirar dos carros. Mas cá entre nós, passar com as rodas numa zebra e sentir a mesma reverberar em apenas um dos lados do controle é surreal e não tem Thrustmaster que valha a investimento.
Além disso, pela primeira vez na franquia, temos o tão aguardado Ray Tracing. Apesar da Polyphony sempre dar uma atenção especial aos gráficos (lá no PS1 parecia que eram carros reais), a adição da tecnologia de raios de luz deixa tudo mais bonito e verídico.
Gran Turismo 7 finalmente resgatou a essência da franquia que havia se perdido na virada do PS2 para o PS3. Com todos os modos de volta, inclusive os carros usados, e sem deixar o competitivo online de fora, GT7 tem tudo para terminar essa disputa na primeira colocação.