Crítica – Outer Range 1ª Temporada
Comecei a ver Outer Range, nova série da Amazon, simplesmente por conta do protagonista. Josh Brolin, o eterno Thanos/Cable/Jonah Hex, é um dos atores mais versáteis da atualidade. Sua capacidade em entregar uma variedade de sentimentos dentro de um único episódio, faz da 1ª Temporada de Outer Range uma série para deixar no radar.
CUIDADO! SPOILERS DA 1ª TEMPORADA DE OUTER RANGER!
Alguém lembra de Lost?
Assim como a aclamada primeira temporada da série lançada em 2004 sob a batuta de J.J. Abrams, Jeffrey Lieber e Damon Lindelof, Outer Range (Além da Margem) brinca com a nossa mente ao apresentar uma família de fazendeiros do Wyoming envolta num mistério difícil de acreditar.
Logo no primeiro episódio, Royal Abbott (Josh Brolin) descobre em suas terras um buraco sem fundo e sem sentido. Bom, pelo menos para nós. Após este primeiro contato, coisas estranhas começam a acontecer com Royal e a chegada da estranha Autumn River (Imogen Poots) só aumenta ainda mais os mistérios.
Da mesma maneira que a escalada do desconhecido aumentava para os perdidos dentro da ilha, a família Abbott vai sendo consumida por aquele buraco e as perguntas se acumulam com a inexorabilidade do tempo e as respostas quase não chegam.
Tic-Tac
Quando Royal interage com o buraco colocando uma mão dentro dele, o tempo muda e ao voltar para casa ele percebe que seus três minutos longe da família na verdade se transformaram em três horas. Para piorar, Autumn está no local justamente por conta do misterioso buraco. Sem querer esconder as suas intenções ela logo começa a descarregar uma metralhadora de teorias do tempo e dilatação espacial.
Enquanto Royal e Autumn fazem um jogo mental de gato e rato, o desaparecimento de algumas cidadãos do Condado de Amelia e, mais recente, um assassinato cometido por um dos filhos de Royal, colocam a xerife interina Martha Hawk (Morningstar Angeline) em sinal de alerta. Tendo que cumprir com os seus deveres ao mesmo tempo que tenta ganhar a simpatia do condado para as próximas eleições, Hawk (indígena e homossexual) precisa decidir se usa seu poder para cumprir a lei ou para ganhar vantagens.
Nessa tocada e durante uma discussão entre Royal e Autumn, a garota empurra o líder da família Abbott para dentro do buraco e lá ele realmente descobre que, talvez, se trate de um verdadeiro buraco de minhoca. Cientificamente falando, tais elementos podem servir de passagem para outro tempo e também para outros universos. Outra analogia seria um buraco negro que muitos cientistas acreditam ser também um buraco de minhoca.
Nó no cérebro
Após alguns dias o corpo da vítima dos Abbott, que não por acaso foi jogado dentro do buraco por Royal para proteger a sua família, reaparece e assim descobrimos que aquele buraco não tem nada de “sem fundo”. Tudo o que vai, um dia volta. Assim como Royal se viu num futuro (improvável, talvez?) quando foi jogado lá dentro e voltou, os mistérios do Condado de Amelia começam a fazer sentido.
A religiosidade e a fé, sempre presente nessas pequenas comunidades, começam a ser questionadas. Afinal, como explicar para alguém que uma montanha desapareceu e reapareceu poucos segundos depois? Além da trama envolvendo Royal e Autumn, o buraco de minhoca/negro afeta tudo e todos no pacato condado. Enquanto a busca por respostas começa a envolver outros personagens, Royal finalmente abre o jogo e conta tudo o que ele sabe sobre o buraco.
Ponte Einsten-Rosen
Se você já viu Vingadores: Ultimato, deve ter uma noção do que é uma Ponte Einstein-Rosen. Sim meus amigos, o misterioso buraco não passa de uma passagem para outro tempo/espaço. Royal, vendo suas mentiras ruindo como um castelo de cartas, acaba confessando e conta a um de seus filhos que se jogou no buraco em 1886 quando tinha apenas 8 anos e só voltou em 1965!
Mas as mentiras contadas por ele já não podem ser redimidas. A família Abbott sofre as consequências e, um por um, cada filho vai “saindo de casa” para desespero da mãe Cecilia Abbott (Lili Taylor) e Royal! O mais velho, Perry Abott (Tom Pelphrey), tão qual o pai, se joga no buraco. O do meio e aspirante a cowboy, Rhett Abbott (Lewis Pullman), foge com a namorada porque não quer saber mais da vida na fazenda. E a neta, Amy Abbott (Olive Abercrombie), reencontra por acaso a mãe que estava desaparecida havia anos e, com a desculpa que “lhe tudo mais tarde”, ambas saem de cena juntas.
Desolado e sem saber o que fazer, Royal começa a juntar as peças e acaba descobrindo que Autumn River é também uma viajante do tempo. Mas ao contrário de Royal, ela veio do futuro. Seus objetivos ainda são incertos, mas uma coisa ele sabe, a garota desmiolada e cheia de teorias é ninguém menos que a sua neta Amy.
E agora?
Depois de oito episódios onde muitas perguntas ainda precisam ser respondidas, a sensação que fica é a de que eu poderia esperar mais algumas temporadas para começar a ver Outer Range. Porém, a trama cheia de mortes, desaparecimentos, viagens no tempo e a presença do excelente Josh Brolin valem cada segundo.
Resta mesmo aguardar a segunda temporada para ver como a família Abbott vai encarar a vida na fazenda sem a presença dos filhos e da neta. Quero dizer, sem a neta criança, porque a Amy adulta está lá e com certeza irá trazer muitas novas teorias.