Crítica – Lightyear
Buzz Lightyear é um dos “brinquedos” mais icônicos que existem. Sua saga em Toy Story sempre deixou aquela dúvida se ele era ou não um patrulheiro espacial de verdade. Em Lightyear, filme que estreou no último dia 16, nós temos a resposta. A minha alegria ao sair do cinema não foi ter acompanhado Buzz em sua história de origem, mas ter acompanhado meus três filhos e esposa numa jornada ao infinito e além de qualquer preconceito. Confira abaixo a crítica de Lightyear!
CUIDADO! SPOILERS DO FILME LIGHTYEAR
Antes de mais nada, preciso salientar que assisti ao filme na versão dublada porque foi o passeio da família. Para quem acompanhou o Buzz Lightyear na poderosa voz de Guilherme Briggs, escutar Marcos “shinhoras i shinhores” Mion, foi decepcionante. Entendo perfeitamente a escolha de outra pessoa, mas é nítido que profissionais da dublagem são mais capacitados do que qualquer global.
Deixando tudo às claras, vamos ao filme e às suas supostas polêmicas.
O além antes do infinito
Logo de cara entendemos o porquê de um filme sobre um brinquedo existir. Lá em 1995 o longa favorito de Andy era justamente Lightyear, o mesmo que você pode ver nos cinemas. Buzz é o capitão de uma missão para levar os humanos aos confins do espaço. Porém, no melhor estilo Alien, algo dá errado e tira a nave da trajetória inicial.
Buzz então é acordado pelos sistemas e deve corrigir o curso manualmente. Durante o processo, ele descobre um planeta e pousa a nave na esperança de ser o local definitivo para prosperar a vida. Ledo engano. Ao tentar fugir dos seres locais, Buzz bate a nave e vê as esperanças irem embora junto com o combustível especial que dá propulsão à mesma. Sendo assim, não resta outra alternativa senão montar acampamento, acordar os cientistas e começar os estudos e projetos para descobrir um novo elemento capaz de tirar todos do hostil planeta.
Buzz deixa para trás seus amigos e foca apenas na missão. Após muitas decepções por não encontrar o combustível certo e muita dilatação temporal, Buzz se encontra num planeta onde as pessoas que ele queria salvar já estão levando suas vidas, inclusive criando famílias.
Ao Infinito e Além
Eis aqui a “polêmica” de Lightyear. Alisha Hawthorne é a comandante e melhor amiga de Buzz. Durante os intervalos de anos das tentativas para encontrar uma forma de sair do planeta, ele descobre que ela se casou, pasmem, com a sua namorada. Como se isso fosse uma coisa de outro mundo. A tal cena do primeiro beijo gay da Pixar não tem nada de mais. Pelo contrário, o beijo em si nem aparece. Puro mimimi de uma geração retrógrada e fechada para as evoluções necessárias da humanidade.
Com beijo ou sem beijo, o tempo passa para todos menos para Buzz que, após incontáveis tentativas, vê o programa ser cancelado obrigando-o a se adaptar à nova vida. Inconformado ele não desiste e junto de uma nova equipe, incluindo a neta de Alisha, ele começa a traçar os planos para completar a missão.
Lightyear começa pra valer a partir desse ponto e deve ter deixado os mimizentos de cabelo em pé. O grupo formado por Buzz é, sem dúvida, uma representação das minorias. Mas tudo é narrado e mostrado de uma forma tão orgânica e sensata, que não faz o menor sentido reclamar do filme por causa disso. Em nenhum momento meus filhos acharam estranho a relação entre Alisha e sua esposa. Não perguntaram o que uma idosa estava fazendo no meio da missão. Ou então porque o cristal combustível tem as cores do arco-íris. Viver sem julgamentos é a melhor opção para viver uma vida plena.
Voltado às origens
Quem viu os Toy Story vai se lembrar de Zurg, o grande algoz de Buzz. Em Lightyear finalmente descobrimos a história do robozão. Mesmo sendo um filme para a família, essa trama é digna dos melhores sci-fi. Tanto é que a minha filha mais nova não entendeu direito o que estava acontecendo.
A missão se desenrola com muitas referências ao Buzz de Toy Story o que deixa o filme com aquele gosto nostálgico, perfeito para pegar os mais velhos e agradar os novatos. Obviamente que não entregarei o final da história, mas Lightyear merece ser visto principalmente se você conhece a franquia Toy Story. Porém, a minha indicação é esperar o filme sair na plataforma da Disney. Aliás, o lançamento deveria ter sido direto no streaming da companhia.
Lightyear não é nenhuma celebração ao movimento LGBTQIA+ como dizem por aí. Sim, é um filme que de alguma forma toca em assuntos que para alguns possam parecer tabus. A minha alegria ao sair do cinema não foi ter acompanhado Buzz em sua história de origem, mas ter acompanhado meus três filhos e esposa numa jornada ao infinito e além de qualquer preconceito.