CRÍTICA: THE LAST OF US – 1ª TEMPORADA

A espera foi longa, mas pena que a série foi curta. Por um lado não presenciamos tanta encheção de linguiça (ou filler se quiser pagar de gringo), mas ao mesmo tempo tivemos que nos contentar com uma história com muito menos ação do que estávamos acostumados. Confira abaixo a crítica da série The Last Of Us – 1º Temporada.

CUIDADO! SPOILERS DA SÉRIE THE LAST OF US

Após décadas vendo a indústria dos cinemas e da televisão estragando as maiores e melhores obras dos videogames em adaptações chulas e caça-níqueis, finalmente o coração do nerd pode ficar em paz. O que a HBO, ao lado da Sony, fez em The Last Of Us é para ser aplaudido de pé. Neil Druckmann e Craig Mazin conseguiram o que parecia ser impossível: adaptar com (quase) perfeição um game para as telas.

Dividido em nove episódios, a série The Last Of Us da HBO, praticamente seguiu o jogo. Tirando algumas decisões de roteiro para aplacar a sede da agenda atual – Mazin e Druckmann já haviam deixando claro que a série não teria o mesmo tom aventuresco do game – a história segue os passos de Joel Miller (Pedro Pascal) e Ellie Williams (Bella Ramsey) num mundo pós-pandemia para salvar a humanidade.

Adaptar um jogo do calibre de The Last Of Us foi uma aposta arriscada da Sony e da HBO. O game possui um dos enredos mais fodas e polêmicos da história. Nada disso ficou de fora, ainda bem. Mas a dupla Druckmann e Mazin acabaram focando demais nesses temas do que na aventura em si. Tanto é que dedicaram um episódio inteiro (o terceiro, Long, Long Time), para mostrar a vida pregressa de Bill (Nick Offerman).

Vejam bem, o episódio é excelente e funcionaria perfeitamente como um filme sobre o amor de duas pessoas enquanto tentam sobreviver ao apocalipse. O início do capítulo com Bill “lone wolf” arrumando a casa ficou maravilhoso e a dinâmica entre o casal funciona, mesmo com algumas disparidades. Mas, como eu disse, é um episódio solto dentro da narrativa de The Last Of Us. E nem estou comparando com o jogo. Eu queria muito mesmo saber o que o Bill estava fazendo antes da merda bater no ventilador, da mesma maneira com Marlene e, pasmem, com a mãe de Ellie (interpretada por ninguém menos que Ashley Johnson, a Ellie do jogo). Porém, infelizmente a história de Bill foi relegada a cumprir alguns mandamentos atuais e deixaram o personagem sem a menor importância dentro da série.

Por outro lado, quando Neil Druckmann e Craig Mazin usaram o jogo como storyboard, aí a história é outra. Todos os takes de câmera, diálogos, figurino e cenário, quando saídos do jogo, UAU, que série fantástica. Até quem estava torcendo o nariz pela escolha do elenco teve que dar o braço a torcer.

Pedro Pascal e Bella Ramsey formaram a verdadeira dupla Joel e Ellie que gostamos tanto de acompanhar nos jogos. Aliás, Ramsey deu um show no episódio oito com direito a muito sangue e a presença de Troy Baker (o Joel do jogos) como um dos capangas do canibal David (Scott Shepherd). Ela escalou demais durante a temporada onde o ápice foi este episódio. O mesmo posso dizer de Pascal que entregou tudo e mais um pouco no último episódio, que, aliás, é o estopim para os acontecimentos da próxima temporada.

Claro que não posso deixar de lado a presença dos infectados. Esqueçam o estereótipo dos clássicos zumbis. Em The Last Of Us a carnificina é diferente. O fungo Cordyceps toma conta de seu hospedeiro arrebanhando o novo morto-vivo para a “comunidade” dos infectados. Ao longo do jogo temos breves explicações sobre o fungo no formato de textos espalhados pelos cenários. Mas nunca ninguém explicou em detalhes como a infecção funcionava e a série veio para deixar tudo em pratos limpos.

Sinceramente eu gosto mais do mistério envolvendo o Cordyceps para deixar a história focada em Joel e Ellie (The Last Of Us é tudo sobre a dupla). Mas, por serem públicos diferentes, uma explicação na série fez sentido. Só ficou meio no ar o lance dos infectados darem o “beijo da morte”. Até onde o jogo foi explorado (e também a série) quem foi mordido vai se transformar, mesmo sem a necessidade daquele “matinho” entrando na sua boca.

Porém, como a série focou mais no drama, as interações entre humanos e infectados não passaram de alguns sustos, um pouco de sangue e um mísero Bloater. A caracterização dos mortos-vivos ficou espetacular. Tanto os Clickers como o único infectado boladão, estavam perfeitos. O jeito de caminhar e os barulhos “click, click” vieram diretamente do jogo. E quando a série opta por esse caminho, o tiro é certeiro.

The Last Of Us da HBO entra para os anais do entretenimento por finalmente ter tido sucesso na adaptação de um jogo. Ao mesmo tempo que deu aos fãs a história conhecida e com algumas necessárias informações a mais, o espetáculo levou aos novatos todo o desespero e alegria de Joel e Ellie em busca da sobrevivência a qualquer custo. No fim do dia, cumprindo agenda ou não, o que fica é o pensamento de que todo mundo é o herói, ou vilão, da sua própria história.

The Last Of Us - 1ª Temporada

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8

NOTA

8.0/10

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