CRÍTICA: BLACK KNIGHT – 1ª TEMPORADA
Se você jogou Death Stranding – ou pelo menos sabe da história – a série sul-coreana, Black Knight, é para você. Muitos estão falando em plágio, mas a 1ª temporada é apenas mais uma história em um mundo distópico. As semelhanças são grandes, mas não se deixe enganar pelas falácias. A Netflix costuma errar muito, mas dessa vez acertou. Confira a crítica da 1ª Temporada de Black Knight.
CUIDADO! SPOILERS DA 1ª TEMPORADA DE BLACK KNIGHT
Profissão: Entregador
Logo no primeiro episódio não tem como não relacionar Black Knight com o excelente jogo do gênio Hideo Kojima, Death Stranding. O principal objetivo dos protagonistas é fazer entregas em mundo devastado por um meteoro que caiu na Terra 40 anos antes. Como sempre, o ser humano sedento por poder, dividiu as pessoas em castas. Quem tem grana mora numa redoma que literalmente tampa a visão do mundo real. E quem não tem, bom, você sabe, sofre com o ar poluído e a escassez de suprimentos.
Nesse pós-apocalipse é que surgem os Entregadores. Uma classe à parte de todas as outras, essas pessoas são vistas como heróis, pois transitam livremente entre todas as castas para realizar as entregas de produtos tão necessários para o dia-a-dia como comida, água e o tão precioso oxigênio.
Porém, enquanto em Death Stranding as pessoas moram no subsolo por conta das EPs – Entidades da Praia, seres que “vivem” presos e são como monstros (é preciso jogar para entender) – e os entregadores são os únicos com habilidade suficiente para enfrentá-los e assim chegar ao destino com os pacotes, em Black Knight o grande vilão é a companhia Cheonmyeong, responsável pela reestruturação da sociedade e provedora do oxigênio tão necessário.
Assim como na vida real
Capitaneada pelo pai da família Seok, já era de se esperar que brigas internas surgissem. Enquanto o CEO da empresa realmente tenta fazer o seu melhor para contribuir com a sociedade, seu misântropo filho, Ryu, quer ver o circo pegar fogo e acabar de vez com as castas mais baixas.
Para isso ele se vale das ações mais escusas e impensáveis possíveis como poluir o ar de propósito e comandar com braço de ferro tanto a repartição dos Entregadores, como sua milícia particular. Dessa maneira ele consegue manter, em suas palavras, “os pobres na linha”, e trabalhar para construir uma sociedade utópica onde poucos poderão fazer parte.
Porém, assim como em Death Stranding, alguns Entregadores se revoltam com a situação. Por terem trânsito livre entre todas as faixas da sociedade, eles sabem que a realidade é cruel. Conforme avançam nas investigações em cima da Cheonmyeong, eles vão descobrindo os podres de Ryu e criam um clube secreto para derrubá-lo do poder.
Muito além do plágio
Já mais para o final da série, Ryu finalmente consegue dar o golpe em seu pai e assumir plenamente os poderes dentro da companhia. Com políticas como a vacinação em massa visando matar os menos favorecidos; o famoso pão e circo; e muita fake news, a série Black Knight conversa muito bem com todos nós. A realidade apresentada pela produção da Netflix é assustadora e nos faz pensar em nosso papel enquanto cidadão.
Não é só porque uma coisa não acontece conosco que ela não existe. Bem debaixo de nossos narizes vemos pessoas em situações deploráveis implorando por um mísero trocado e muitas vezes passamos batidos como se elas não fizessem parte do mesmo cenário que vivemos. Elas não podem sufocar pela falta de oxigênio como em Black Knight, mas com certeza as suas vozes são sufocadas pelas mesmas políticas populistas mostradas na série e que assolam o nosso mundo.
Muito mais que um plágio do jogo Death Stranding – e se a fórmula é boa tem mais é que ser copiada mesmo – Black Knight é mais uma obra que mostra a capacidade da Coreia do Sul de entregar filmes e séries que além de entreter, nos faz pensar.
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