CRÍTICA – YU YU HAKUSHO

A Netflix vive entre o céu e o inferno quando o assunto são adaptações! Com a chegada de Yu Yu Hakusho ao catálogo, felizmente, a gigante do streaming dessa vez pode descansar tranquilamente no paraíso. Apesar de sofrer com uma trama mais simples do que tirar doce da boca de criança, a representação dos personagens, as cenas de lutas e a equipe de dublagem brasileira mostraram que berimbau não é gaita. Confira a crítica de Yu Yu Hakusho!

CUIDADO! CONTÉM SPOILERS!

Nunca fui muito de assistir animes quando era um garoto. Meu negócio eram os Tokusatsus e os Metal Hero como Jaspion, Changeman e Jiraiya. Porém, dois animes acertaram em cheio este coração nerd. Os Cavaleiros do Zodíaco foi por muito tempo o único que eu assistia até o dia que me apresentaram Yu Yu Hakusho. Não sei se foi a dublagem ou a pegada mais sinistra, mas fui imediatamente capturado pela turma liderada pelo briguento Yusuke!

Então, como todo nerd de carteirinha, lá fui eu rever os episódios do anime em preparação para a chegada da série da Netflix. Foi bom para refrescar a memória e foi ruim porque quando o primeiro trailer foi revelado, fiquei com um pé atrás. Sabe como é, a Netflix tem uma capivara longa e não é bonita. Porém, deixei meus medos de lado e fui ver a série de peito aberto e cheio de amor para dar.

A Rapadura é Doce

Após finalizado o primeiro episódio de Yu Yu Hakusho, percebi que a Netflix não quis brincar com os fãs. Obviamente que eu sempre opto pelo áudio original de qualquer filme/série. Mas como quem assistiu ao anime na saudosa Manchete, seria impossível acompanhar Yusuke e companhia se eles não falassem o bom e velho português br!

A produção da Netflix acertou em cheio ao trazer o elenco de dublagem original. A adaptação ficou por conta do estúdio MGE, e contou com as vozes de Marco Ribeiro (Yusuke), Christian Torreão (Hiei), Duda Ribeiro (Kurama), Peterson Adriano (Koenma) e Miriam Ficher (Botan). Infelizmente o dublador original do Kuwabara, José Luiz Barbeito, faleceu em 2018. Marcelo Garcia, o escolhido da vez, não atrapalha mas também não se sobressai como os outros. Tá certo, vou confessar, a melhor voz de todas é a do Yusuke. Além de conseguir manter o mesmo tom de 30 anos atrás, Marco Ribeiro manteve todos os trejeitos e frases icônicas do personagem.

Assim como no anime dos anos 90, Yu Yu Hakusho da Netflix provou que uma adaptação não precisa – e nem deve – ser engessada e seguir a linha das obras originais. Usar gírias e colocações verbais que só o brasileiro entende é uma forma de levar a aventura para o maior público possível, além de ser engraçado pra caramba.

Outro ponto forte da série são os combates. Fiquei impressionado com a quantidade de sangue e gore explodindo na tela. Mesmo sendo indicado para maiores de 16 anos – e vindo da Netflix – não esperava tantos membros sendo decepados. Como esta é uma marca do anime, foi uma surpresa deveras agradável.

A coreografia das lutas, as armas, as roupas e os golpes especiais foram muito bem trabalhados e estão todos lá. Não falta nada. Porém, a adaptação optou por algumas partes em pura CG e aí a coisa desanda um pouco. Veja bem, não estou comparando Yu Yu Hakusho da Netflix com Os Mutantes da Record. Felizmente não é nada que tire a graça da série, e mesmo sendo bastante perceptível, para quem se deleita assistindo clássicos do gore como A História de Ricky, Yu Yu Hakusho é um passeio no parque.

Mas Não é Mole

A pedra no sapato da série é uma trama mais xinfrim que novela das nove. No anime, Yusuke vira o Detetive Espiritual para ajudar os mocinhos a acabar com uma tentativa dos youkais (demônios) de invadirem a Terra. O momento mais importante da série é o Torneio das Trevas, uma disputa entre humanos e youkais que serve de fachada para o “empresário” Sakyo abrir um buraco no mundo humano para os demônios fazerem a festa.

O criador da mangá, Yoshihiro Togashi, nunca escondeu o seu interesse pelo terror e ocultismo, sendo muito influenciado pela mitologia budista. Todos esses temas presentes nas obras originais, infelizmente foram deixados de lado na adaptação da Netflix. Apesar de contar com os youkais e o buraco enorme entre os dois mundos, a trama se resume ao desejo mais inato do ser humano: diversão.

Sakyo arma o pagode na Ilha das Trevas para o pau comer entre os lutadores apenas para divertir. A chegada dos youkais ao plano terreno é apenas uma consequência de seus atos. O que ele quer é a adrenalina das apostas e consequentemente a diversão sem limites. Sério, essa desculpa é tão esfarrapada que simplesmente fingi que não existe. Eu vi todo o anime e posso me dar a esse luxo. Mas quem for conhecer Yu Yu Hakusho por conta da Netflix, terá uma impressão errônea do que foi planejado originalmente por Togashi.

Tô na Área. Se Derrubar é Pênalti

Após algumas adaptações duvidosas, a Netflix parece estar pegando o jeito da coisa. Yu Yu Hakusho não só apresenta um anime de grande sucesso dos anos 90 para uma nova safra de fãs, como também resgata toda a nostalgia e entrega muito fanservice para os espectadores mais antigos.

Apostando no elenco de dublagem que marcou uma fase das adaptações brasileiras com as suas gírias e frases de efeito, e em cenas de ação saídas diretamente do anime, Yu Yu Hakusho da Netflix pode se orgulhar de fazer quase tudo certo. Não fosse a trama de quinta categoria, um Kuwabara magricela demais para o meu gosto e algumas CGs preguiçosas, eu daria nota 10.

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Yu Yu Hakusho

9

NOTA

9.0/10

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