REVIEW – HELLBLADE 2
Ao iniciar a minha jornada pelas terras nórdicas em Hellblade 2, eu estava preparado para todo tipo de quebra-cabeça maluco, combates sanguinolentos e uma narrativa de prender a atenção. Sim, o título da Ninja Theory oferece tudo isso. Porém, como jogo, Hellblade 2 deixa a desejar. Caia de cabeça nas loucuras de Senua neste Review de Hellblade 2.
CUIDADO! ESTE REVIEW PODE CONTER SPOILERS DO JOGO!
Logo de cara o que mais impressiona em Senua’s Saga: Hellblade 2 são os gráficos. Usando a potente Unreal Engine 5, o jogo exclusivo para Xbox e PC, é de uma beleza ímpar. O novo motor da Unreal funciona tão bem que é difícil distinguir as trocas entre gameplay e cenas pré-gravadas.
Os cenários parecem ter saído diretamente de um filme, nos levando a imaginar como serão os próximos jogos que usarem a UE5. Pedregulhos, pedras, rochas e montanhas. Barcos e casas. Armamentos e roupas. Até mesmo as texturas das peles são perfeitamente reais. Estamos chegando naquele ponto onde alguns jogos poderão ser confundidos com filmes.
Para quem procura este nível de detalhamento, Hellblade 2 é um dos poucos títulos disponíveis no momento a oferecer essa imersão. Detalhe, o título chegou no Game Pass no dia do lançamento.
As vozes de Senua
Se os gráficos são o grande destaque, o que dizer do áudio? Logo no início uma mensagem surge na tela: para uma melhor experiência use fones de ouvido. Hellblade 2 usa a tecnologia binaural. Isso faz com que as vozes dentro da cabeça de Senua estejam dentro da sua cabeça também. É até aterrador em alguns momentos.
Jogando no escuro e com fones de ouvido, me vi dividindo as aflições de Senua bem como experimentando um pouco dessa “loucura”. Além das vozes interiores, o som ambiente e os diálogos são melhor entendidos e interpretados. Afinal, a todo momento o debate entre as “personalidades” de Senua acontecem dentro de sua cabeça.
Lógico que é possível jogar sem este recurso, mas muito do que está sendo dito será perdido. Isso porque Hellblade 2 é intenso do começo ao fim e qualquer desatenção fará você perder o entendimento da história.
Além de todas essas vozes, Hellblade 2 tem – na minha humilde opinião – a melhor trilha sonora do ano. O ritmo das canções é perfeito nos levando para dentro da ação. Com certeza, o jogo da Ninja Theory, é forte candidato a ganhar os prêmios nessa categoria.
Contação de história
Fechando a tripé dos elementos essenciais a um jogo de ponta, está a narrativa. Contada em tempo real pelas vozes dentro da cabeça de Senua, ficamos sabendo de uma forma simples, porém muito envolvente, o que está acontecendo no game. Quais os objetivos? Quem são aliados? E os inimigos, como matá-los? Será mesmo que são inimigos?
Enquanto Senua transita entre a sensatez e a insensatez, ela se depara com a ajuda dos Elfos das Montanhas. São eles os responsáveis por contar a verdadeira história dos Jotuns, os Gigantes nórdicos que estão assolando os pequenos vilarejos. Sua missão é acabar com eles e trazer paz aos povos.
A “loucura” de Senua é vista como um privilégio, já que ela enxerga o mundo de forma diferente. Esse “poder” é usado para entender as aflições dos gigantes e enfim dar cabo deles. Mas nem tudo é o que parece.
Jogo meia bomba
“Nossa, Hellblade 2 então vai ganhar o GOTY de 2024”, deve estar pensando o leitor mais incauto. Se entre as premiações existisse uma categoria “Melhor Experiência”, com certeza a Saga de Senua levaria todos os troféus. Porém, como jogo de fato, deixa a desejar.
Primeiro, a gameplay é curta. Terminei Hellblade 2 com exatas oito horas e não me senti impelido a tentar uma segunda run mesmo com a opção de controlar outros personagens. Segundo, além de curta é simples. Com o clássico “jogo nos trilhos” você só tem um destino possível tanto dentro da história como no que toca a jogatina de fato.
Os combates, apesar de serem intensos e com muito gore, são todos parecidos. Se forma um tipo de arena e os inimigos surgem um de cada vez. Desviar, aparar e atacar, mais simples que isso não poderia ser. A plasticidade é perfeita assim como a ação. Mas deixa aquela sensação de que só a colocaram para o jogo não ser uma simples contação de história, algo parecido com o que aconteceu com Death Stranding.
Conclusão
Como experiência, Hellblade 2 é sim o Jogo do Ano. Como jogo, infelizmente não tem fôlego para entregar o necessário. Mesmo com atuações imbatíveis, gráficos e áudio de cair o queixo e uma narrativa que te deixa preso na cadeira, Hellblade 2 não passa de uma experiência muito bem sucedida.