gamescom latam 2024: expectativas altas e realidade um tanto decepcionante

Quando peguei a minha credencial e me dirigi ao primeiro dia da gamescom latam 2024, um misto de excitação e curiosidade me acompanhava. Afinal, é a primeira vez que a gamescom, um dos maiores eventos de games do mundo, acontece no Brasil. Porém, as expectativas altas se tornaram uma realidade um tanto decepcionante.

Um dia de jornalista na gamescom

Com a credencial em mãos, cheguei à gamescom latam 2024 utilizando transporte público e a van gratuita do evento, que funcionou perfeitamente tanto na ida quanto na volta. O dia foi reservado para imprensa e convidados, então o local estava relativamente vazio, permitindo que eu passeasse tranquilamente pelos corredores. Sei que a experiência será bem diferente ao longo dos próximos dias, com mais pessoas e filas para tudo.

O contexto não podia ser mais peculiar. A Brasil Game Show (BGS), até então o maior evento de games do país, vinha perdendo grandes nomes da indústria, como PlayStation e Xbox. Isso elevou as minhas expectativas para a gamescom latam, esperando que ela trouxesse esses grandes estúdios de volta. Mas, assim como na BGS, apenas a Nintendo montou um estande de respeito. A Ubisoft, que tem lançamentos de peso como Assassin’s Creed Shadows e Star Wars Outlaws ainda este ano, levou apenas o jogo gratuito XDefiant, em um estande bem modesto. A Warner apareceu com Mortal Kombat 1, Hogwarts Legacy e Multiversus, enquanto Sega e Bandai não tinham estandes próprios, apenas estações de jogos espalhadas.

A feira também contou com o BIG Festival, trazendo uma grande presença de estúdios indies. Diversas palestras estavam programadas, tornando o evento ideal para quem busca conhecimento na área.

A Sala de Imprensa parecia ter sido montada às pressas, com poucas mesas e sem um espaço adequado para entrevistas. Vi jornalistas se agrupando em rodinhas para conseguir as suas exclusivas. O suporte aos profissionais de imprensa deixou a desejar, com água e café sempre acabando rapidamente. Em contraste, os Criadores de Conteúdo tinham geladeiras cheias de energéticos, água, refrigerantes e muitos petiscos. Afinal, parece que o número de seguidores importa mais do que a qualidade do material.

Em poucos minutos, consegui percorrer toda a feira. O único estande que me prendeu foi o da TecToy, que apresentou uma linha de consoles portáteis. Testei um dos consoles, mas acabei “quebrando” o portátil – a tela ficou cortada e o game Mullet MadJack impossível de jogar. Tentei voltar ao menu principal, mas o portátil não respondeu.

Sem água na Sala de Imprensa, comprei uma por 10 Reais. Sentei-me em uma cadeira esperando meu encontro com a Bandai para testar Dragon Ball Sparking Zero, marcado para às 17h30. O teste foi às portas fechadas, sem permissão para fotos ou vídeos. Com dois produtores me guiando, pude testar o jogo, mas minha “habilidade” de quebrar coisas eletrônicas se manifestou novamente – o Vegeta sumiu no meio da batalha e ficou preso em uma pedra. Um dos produtores riu e apenas disse “press triangle” para lançar projéteis e soltar o personagem. Tanto o produtor como eu caímos na gargalhada. Ainda bem que era às portas fechadas.

Essa foi a primeira vez que testei um jogo nesse esquema exclusivo, me senti privilegiado. O local era separado do público geral e acessível apenas com reuniões marcadas. Lá dentro, havia comida, bebida, estações de trabalho e, claro, as portas fechadas.

Depois de minha sessão de 30 minutos, distribuí alguns adesivos do Bar dos Gamers e voltei para casa. Não tive paciência para a abertura oficial do evento, que aconteceria mais tarde.

A gamescom latam vale a pena?

Minhas considerações finais sobre a gamescom latam 2024 são mistas. Ela tinha potencial para rivalizar com a BGS, mas o primeiro dia mostrou que ainda está longe disso. Com metade do tamanho e sem os grandes nomes da indústria, quem busca jogar os games mais badalados pode se decepcionar. Porém, para os fãs do cenário indie, a gamescom latam 2024 é um prato cheio, com um corredor exclusivo para jogos independentes e estandes de estúdios que conseguiram participar.

O evento também atrai sub-celebridades da internet. Prevejo um sábado lotado de crianças atrás de selfies com influenciadores. Ninguém mais pede autógrafo? A sensação de que a gamescom latam superaria a BGS ficou para trás. O evento tem uma aura mais business, voltada para a indústria e não tanto para o público consumidor.

Voltarei no sábado para encontrar velhos amigos, mas sinceramente espero que a BGS veja essa competição como um incentivo para fazer uma feira digna do público gamer.

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