A gamescom latam veio para ficar
Chegando ao final da gamescom latam 2024, minhas impressões se consolidaram em uma visão clara e, de certa forma, crítica. A primeira edição do evento optou por um caminho seguro, sem grandes surpresas ou inovações de última hora, lembrando muito a experiência da concorrente Brasil Game Show (BGS). Após uma semana de expectativas e algumas decepções, parece que a gamescom latam veio para ficar.
Foram cinco dias de evento, com um dia reservado apenas para imprensa e convidados, o que pareceu um balão de ensaio para testar a recepção do público. Uma prova disso é que, para 2025, o evento já está confirmado no Expo Center Norte, o mesmo local onde acontece a BGS. Essa mudança deve permitir um aumento no escopo do evento, algo necessário para atender às expectativas crescentes.
Em conversa com um dos assessores, fui informado de que cerca de 80 mil ingressos foram colocados à venda para os quatro dias abertos ao público. Isso ajudou a evitar a concentração absurda de pessoas nos corredores relativamente pequenos. Ao contrário do que eu temia em minha análise do primeiro dia, os dias abertos ao público não foram um caos total. A limitação na venda de ingressos, sem opção de bilheteria local, contribuiu para um fluxo mais tranquilo de visitantes.
No sábado, a gamescom latam mostrou um ambiente bem diferente do que é visto na BGS. Com espaços suficientes para caminhar entre os estandes e as estações de jogos, o único problema foi a longa espera para comprar comida, que chegou a 1h30. No entanto, a principal decepção foi a falta de atenção ao público gamer hardcore. Quem esperava experimentar grandes títulos AAA e lançamentos de peso saiu frustrado. O foco da feira foram os jogos indies e as oportunidades de negócios.
Para desenvolvedores e investidores, a feira foi um excelente local para buscar parcerias. Já para o público geral, restaram os milhares de jogos indies. Quem aprecia e apoia esse setor da indústria teve um prato cheio. Não é fácil desenvolver um jogo, e colocá-lo no mercado é um desafio ainda maior. Com a integração do BIG Festival, que antes era um evento separado, os desenvolvedores puderam exibir seus jogos, participar de premiações e receber feedback do público.
A feira, predominantemente composta por títulos indies, deixou de lado os lançamentos aguardados, como Star Wars Outlaws. O que vi no sábado não correspondeu às minhas expectativas, mas me fez perceber que as pessoas gostam sim desse tipo de evento. Talvez eu seja apenas um velho chato. Mesmo sem grandes nomes como PlayStation e Xbox, a gamescom latam ofereceu atrações para todos os gostos. Foi uma oportunidade para os fãs encontrarem suas pseudo-celebridades, tentarem ganhar brindes e enfrentarem filas para jogar alguma coisa.
Além disso, o evento contou com diversas palestras e competições de Esports, atraindo cosplayers e famílias inteiras. No fim das contas, a gamescom latam termina com um saldo positivo, com todos os ingressos vendidos e a certeza de que idosos rabugentos como eu não são o público-alvo. Mesmo assim, a BGS, com suas limitações, tem agora a oportunidade de se firmar ainda mais como a principal feira de games do país. Resta saber se eles ouvirão os fãs mais hardcore e os veteranos que anseiam pelos grandes lançamentos, como nos velhos tempos.
Crédito das fotos: Assessoria de Imprensa