CRÍTICA – OS ANÉIS DE PODER TEMPORADA 2

Se a primeira temporada de Os Anéis de Poder foi tudo o que eu tinha imaginado (veja aqui a crítica onde dei nota 10), a segunda, apesar de tentar elevar a trama, não é nem a sola grossa dos Pés-Peludos. Se antes a série pelo menos tentou respeitar a lore criada por J.R.R. Tolkien, desta vez os produtores jogaram praticamente tudo no lixo em prol de uma narrativa própria e levemente desconexa com o rico universo de O Senhor dos Anéis. Confira abaixo a crítica de Anéis de Poder Temporada 2!

CUIDADO – SPOILERS À FRENTE

 

Vamos logo ao que interessa para tirar o óbvio da frente: o Estranho – como todos já sabiam – é Gandalf. Dito isso, um dos poucos acertos nesta 2ª Temporada de Os Anéis de Poder, foi o foco tirado de personagens inventados para a série. Nori, Papoula, Arondir, Theo, Eärien e Browyn, por exemplo, mal aparecem na trama. Esta última sequer deu as caras já que uma flecha orque (eu prefiro orc) matou a coitada. E posso dizer, ainda bem!

Sem ficar de lenga-lenga ao lado de personagens que ninguém dá bola, a trama principal foca no que interessa: a criação dos Nove Anéis através das palavras doces e maquinações de Annatar/Sauron, e a transformação do Estranho em Gandalf com a ajuda de ninguém menos que Tom Bombadil.

Primeiro, vamos falar sobre a nem tão longa trajetória de Gandalf.

Sem muitas dicas do que fazer e para onde ir, o Estranho encontra Tom Bombadil que nada mais é que um mentor. Suas palavras ecoam através do tempo e frases clássicas saídas diretamente dos filmes/livros, são ditas como ensinamentos à serem carregados por Gandalf.

Este, por sua vez, parece querer pegar atalhos para enfrentar Sauron. Durante toda a primeira temporada, o Estranho não sabe de nada. Nem se comunicar direito ele consegue. E de repente, como num passe de mágica, o cara desenrola mais que um noveno. Com a ajuda de Bombadil, Gandalf rapidamente fica ciente de sua função na Terra-Média, consegue encontrar seu cajado – saído diretamente dos filmes, vale notar – e está mais do que pronto para a sua tarefa.

Apesar de ter bastante tempo de tela, o caminho trilhado por Gandalf é curto e sem provações. Achei pouco para um mago que vai morrer enfrentando um Balrog para retornar ainda mais poderoso para ajudar a salvar a Terra-Média. Porém, como dito no começo, o que importa nessa temporada é a forja dos Nove.

Nove Para os Homens Mortais

Se a série deixou de lado personagens secundários, ainda bem que tomou um caminho diferente para mostrar, literalmente, O Senhor dos Anéis. Depois das tramoias criadas no fim da primeira temporada, Sauron se transforma em Annatar, Senhor dos Presentes, e se apresenta para Celebrimbor como um grande elfo que irá ajudá-lo na criação dos Anéis que irão purificar a Terra-Média.

Como desgraça pouca é bobagem, ninguém consegue se livrar das belas e doces palavras de Annatar. Dessa forma se dá o início da derrocada de Eregion, bem como a queda do ferreiro Celebrimbor. Aqui não tenho críticas. Quer dizer, não muitas.

Os diálogos entre Annatar e Celebrimbor são bem estruturados e mostram como Sauron é poderoso. Mesmo sem precisar levantar as mãos ameaçadoramente, sua vontade é feita. Tudo com o poder da palavra. Fazendo um jogo de gato e rato, ambos discutem sobre a feitura dos Anéis e como eles poderão salvar os Homens e redimir o trabalho dos Sete Anéis dos Anãos (mais uma vez, eu prefiro Anões) que acabou corrompendo o reino de Khazad-dûm.

Ao mesmo tempo, Adar prepara seu exército de orques – orque não, Uruk – para invadir Eregion e capturar Sauron. Entretanto, tudo não passava de um plano do Senhor do Escuro para atrair seu desafeto e tomar-lhe seu efetivo. Claro que obteve sucesso. Afinal, ele é Sauron. A batalha entre Uruks e elfos em Eregion, tida como uma das mais cabulosas e sanguinárias da história da Terra-Média, acabou virando um combate simples no meio da lama. Descrita como a Joia do Reino Élfico, com magia sendo usada para construir armas e se defender, a Eregion da série mal teve chances contra as hordas de inimigos.

Além da falta de um combate mais intenso, ainda vimos uma aliança improvável. Para obter êxito em sua empreitada, Adar pede a Galadriel, que está cega pelas palavras ditas por Sauron no fim da primeira temporada, o Anel Nenya “emprestado”. Só dessa maneira, segundo Adar, é possível destruir o inimigo de ambos. O seguro morreu de velho e mesmo a inexperiente Galadriel quase cai no papo do cara.

Tá certo que o poder sombrio é extremamente poderoso, inclusive para uma elfa com experiência no assunto. Mas transformar isso em uma desculpa para Uruks e Elfos unirem forças é forçar demais a amizade.

Além disso, ainda temos o afloramento de um romance entre Elrond e Galadriel. A primeira temporada teve algumas modificações na lore, mas conseguiu entregar uma excelente experiência. Mas essa segunda foi muito além, colocando sogra e genro na mesma cama.

Sim, meus amigos!

Elrond é casado com Celebrían, única filha de Galadriel. Além disso, a diferença de idade entre os dois é de milhares de anos. Enquanto a Senhora de Lórien nasceu na Primeira Era, antes mesmo do surgimento da Lua, o Meio-Elfo só foi dar as caras durante a Segunda Era.

Apesar de ambos serem elfos e terem uma expectativa de vida muito longa, essa união romântica entre Galadriel e Elrond destoa na tela mesmo para aqueles que não conhecem a lore a fundo. O pior é que eu já estava prevendo isso. 

Ademais, o derradeiro capítulo é um pout-pourri do que aconteceu até então. Tudo é mostrado muito rápido e sem maiores explicações. Desde Elendil, futuro Rei de Gondor, receber Narsil (a espada que corta os dedos de Sauron mostrado no começo do primeiro filme) até a óbvia descoberta de que o Estranho é Gandalf, os oito capítulos foram poucos para deixar a série mais agradável e compreensível.

Apesar da trama mais obscura e do foco na forja dos Anéis, a segunda temporada de Os Anéis de Poder deixou muito a desejar. As cenas em Eregion com Sauron/Annatar tramando sua ascensão é o grande destaque com a trama dos anãos em segundo lugar. O romancinho entre Galadriel e Elrond, bem como a lenga-lenga de quem ficará com Narya, não colou. Pior que novela mexicana. Pelo menos personagens secundários que nunca existiram foram de certa forma eliminados dando mais tempo para o que realmente importa.

Os ganchos foram deixados para a próxima temporada onde provavelmente veremos a forja do Um e o início da treta com Gil-Galad e Elendil enfrentando Sauron, culminando na Batalha da Última Aliança (mostrada no início do primeiro filme). Tentarei ver a terceira temporada como se fosse uma história fora do universo oficial, por assim dizer. Mas uma produção que estampa “Baseado em ‘O Senhor dos Anéis’ e Apêndices por J.R.R. Tolkien”, precisa ficar mais atenta ao que está escrito nos livros.

OS ANÉIS DE PODER - TEMPORADA 2

7.5

NOTA

7.5/10

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