REVIEW – A QUIET PLACE: THE ROAD AHEAD
Lançado em 17 de outubro de 2024 para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, A Quiet Place: The Road Ahead, desenvolvido pelo estúdio italiano Stormind Games e publicado pela Saber Interactive, leva os jogadores a um mundo em colapso, onde criaturas mortíferas rastreiam humanos com precisão guiadas pelo som. Inspirado na franquia de terror de sucesso A Quiet Place, o jogo promete imersão profunda e uma experiência em que o silêncio é vital para a sobrevivência.
A franquia de filmes A Quiet Place não é o primeiro terror a apresentar inimigos cegos, hipersensíveis a sons no mundo dos jogos. Vimos algo semelhante em House of Ashes, com seus vampiros espaciais que se orientam por ecolocalização, ou em The Last of Us, com os icônicos Clickers cobertos de fungos que obscurecem tudo, exceto sua audição. The Callisto Protocol também tentou algo similar, e indo ainda mais atrás, em Resident Evil 4, conhecemos os imponentes Garradors, gladiadores cegos que atacam ao menor sinal de vibração.
O ponto é que, embora não seja um conceito novo, A Quiet Place: The Road Ahead talvez seja o jogo que mais explora esse truque.
Em The Road Ahead, o controle do som está no coração do jogo. Cada ação que você toma — desde abrir uma porta enferrujada até usar o inalador — gera um ruído que pode atrair os monstros, conhecidos como Death Angels. Para uma experiência mais imersiva, o jogo permite que o microfone do jogador capture ruídos reais, criando um desafio ainda mais aterrorizante: o silêncio absoluto.
Essa jornada traz uma intensidade sufocante. Passei horas me encolhendo cada vez que pisava em um caco de vidro ou ao ouvir o barulho metálico de uma grade caindo. Durante as excruciantes sete a oito horas de campanha, a Stormind Games conseguiu prender completamente a minha atenção.
História e Personagens: uma Jornada de Sobrevivência e Conflito Pessoal
Como nos filmes, The Road Ahead se apoia na dinâmica emocional entre personagens. A trama segue Laura, uma jovem que enfrenta um conflito interno ao descobrir-se grávida em meio ao caos apocalíptico. Ela e seu namorado, Martin, vivem em um hospital com recursos limitados e precisam fazer incursões perigosas para sobreviver. Durante uma dessas saídas para um rancho abandonado, Laura descobre que está esperando um filho, um momento que adiciona complexidade e medo a sua jornada, pois ela não se sente preparada para trazer uma criança a esse mundo cruel e implacável.
Após confessar sua gravidez a Martin e receber seu apoio, ambos começam o caminho de volta ao hospital. Mas, em uma situação desesperadora, Laura se machuca, ficando presa sob um tronco caído, e Martin, ao tentar salvá-la, atrai uma das criaturas com um grito, sacrificando sua vida para proteger Laura e o bebê. De volta ao hospital, Laura encara ainda o desprezo da mãe de Martin, que a responsabiliza pela perda de seu filho. Assolada pela dor e pelo isolamento, Laura decide partir em busca de refúgio em um acampamento da Guarda Nacional, onde espera encontrar segurança e apoio. Assim começa sua longa e silenciosa caminhada rumo ao desconhecido.
Uma História de Horror com um Coração Humano
O jogo traz cenas comoventes e momentos impactantes, como o instante em que Alex, em um refúgio seguro, consegue liberar todas as suas emoções acumuladas. Além disso, há pequenos detalhes narrativos, como bilhetes encontrados ao longo da jornada que contam histórias de outros sobreviventes, oferecendo um contraste trágico com o próprio dilema de Alex.
Diferente de muitas obras que retratam o colapso da humanidade, The Road Ahead exibe um lado mais positivo, com pessoas unidas e altruístas mesmo nas piores circunstâncias. Esse otimismo está presente em todo o jogo, tornando-o mais do que uma simples batalha contra monstros.
Níveis de Dificuldade: Flexibilidade para Todos os Estilos de Jogo
A Quiet Place: The Road Ahead traz quatro níveis de dificuldade para diferentes perfis de jogadores, equilibrando acessibilidade e desafio. O modo Fácil é ideal para quem deseja priorizar a narrativa, com mais recursos disponíveis e criaturas menos alertas. No Normal, a dificuldade aumenta, criando um equilíbrio entre imersão e complexidade. Já no Difícil, o jogo exige maior cautela: os recursos são escassos, e as criaturas reagem ao menor som, exigindo que o jogador seja cauteloso em suas ações.
Para aqueles que buscam a experiência máxima de horror, o Modo Sobrevivente oferece um desafio extremo, reproduzindo fielmente o medo dos filmes. Aqui, as criaturas têm alta sensibilidade auditiva, não há dicas visuais e qualquer movimento descuidado pode ser fatal. Este modo captura a essência de A Quiet Place com perfeição, pedindo ao jogador que se mova com paciência e precisão, valorizando a quietude e a inteligência acima de tudo.
Mecânicas de Jogo: A Tensão do Silêncio
O jogo é em primeira pessoa, o que aumenta a imersão, colocando o jogador na pele de Laura enquanto ela navega em um mundo onde cada passo pode ser fatal. A detecção de ruído, uma característica opcional, permite que o microfone do jogador capture sons reais do ambiente, ativando as criaturas caso qualquer barulho, mesmo externo, seja captado. Assim, o jogo transforma o próprio espaço físico em parte da mecânica, tornando necessário calibrar o microfone para evitar alertas indesejados. Se você prefere jogar sem interferências externas, essa opção pode ser desativada, uma adição prática que adapta a jogabilidade ao ambiente e à preferência de cada jogador.
Além disso, a mecânica de interação é simples, mas eficiente. Laura pode se mover, correr, agachar, interagir com objetos e até desviar de criaturas. Cada superfície – seja uma poça d’água, folhas secas ou cacos de vidro – emite um som distinto, exigindo que o jogador se mova com cautela para evitar alertar os monstros. Para reforçar essa tensão, o jogo exibe um indicador de ruído no canto inferior direito da tela, mostrando ao jogador o volume de som produzido a cada passo. Mais tarde, Laura encontra um fonômetro, esse dispositivo monitora o nível de ruído ao seu redor, permitindo que você tome decisões informadas sobre o volume que pode produzir sem atrair atenção indesejada. Com um par de bons fones de ouvido, o efeito é intensificado, e o uso do microfone do jogador também adiciona uma camada de desafio, onde até um espirro pode atrair uma ameaça fatal.
Não Faça Barulho
A pergunta essencial é: o jogo realmente entrega uma experiência imersiva vista nos filmes? Felizmente, sim. The Road Ahead inclui mecânicas inteligentes que fazem você considerar o impacto sonoro de cada movimento, criando uma experiência de horror furtivo quase ao nível de Alien: Isolation.
Exploração e Ações: Sobrevivência com Recursos Limitados
Laura pode utilizar ferramentas básicas, como tijolos e garrafas, para desviar a atenção das criaturas em momentos de extrema tensão. A mecânica de inventário, acessada pelo direcional, permite o gerenciamento de itens consumíveis e ferramentas de forma rápida e intuitiva. A lanterna, por exemplo, pode ser ativada e recarregada com o botão Triângulo e R2, respectivamente, mas precisa de baterias, o que adiciona mais um aspecto de gerenciamento de recursos à experiência. Este cuidado em controlar recursos, além de preservar o silêncio, é essencial para a sobrevivência.
Gráficos e Ambientação: Um Horror Realista e Sombrio
Visualmente, A Quiet Place: The Road Ahead é impressionante. O jogo oferece dois modos gráficos: Qualidade, que melhora os detalhes e efeitos visuais, e Desempenho, que prioriza a fluidez com 60 quadros por segundo, mas com algumas limitações gráficas. A ambientação é sombria e meticulosamente trabalhada, com texturas realistas e iluminação que captura a atmosfera de um mundo desolado e perigoso. Os efeitos de granulação e bloom reforçam a sensação de estar imerso em uma fita de terror antiga, adicionando um toque de nostalgia ao visual sombrio.
Trilha Sonora e Efeitos Sonoros: O Medo no Som do Silêncio
O áudio desempenha um papel central no jogo, com efeitos detalhados que simulam sons de passos, respiração e objetos rangendo, aumentando a imersão e a sensação de vulnerabilidade. A trilha sonora é minimalista, com batidas tensas e sombrias que complementam o cenário sem roubar o protagonismo dos efeitos ambientais. Os ruídos de fundo tornam cada ação – desde abrir uma porta até andar por folhas secas – um momento tenso e potencialmente mortal. Jogar com fones de ouvido é altamente recomendável, pois realça os detalhes sonoros e permite ao jogador perceber cada nuance da tensão sonora.
Desafios e Problemas Técnicos
Apesar de todos esses pontos positivos, o jogo tem suas falhas. A interação com objetos é, por vezes, pouco intuitiva, e os tutoriais excessivos podem tirar o jogador da imersão. Além disso, problemas técnicos podem atrapalhar, com comandos que falham em momentos críticos. Outro detalhe é que, com o tempo, os padrões de comportamento dos monstros tornam-se previsíveis, o que acaba diminuindo a tensão.
Acessibilidade: Totalmente Localizado e Acessível para o Público Brasileiro
Além da qualidade técnica, A Quiet Place: The Road Ahead foi completamente localizado para o português do Brasil, desde as legendas até os menus, tornando a experiência mais acessível e imersiva para nós. Essa localização é especialmente importante em um jogo onde a narrativa e as emoções dos personagens desempenham um papel fundamental na construção do enredo.
Vale a Pena Jogar? Uma Experiência de Horror e Sobrevivência Imperdível
Para aqueles que apreciam uma experiência de horror tensa e imersiva, A Quiet Place: The Road Ahead é um jogo imperdível. A narrativa envolvente e o sistema de mecânicas de silêncio tornam cada movimento e decisão extremamente impactantes. Para os que buscam uma experiência intensa e cinematográfica, esta é uma escolha certeira. Então se prepare, encontre um lugar silencioso e embarque nessa jornada onde o silêncio é seu maior aliado e sua única chance de sobrevivência.
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Esta análise foi feita no PlayStation 5 através de uma key oferecida pela assessoria de imprensa (Theogames) do jogo no Brasil.