Jogar no Brasil virou luxo: o aumento dos preços na PS Store é mais um golpe na comunidade gamer

Na última semana, a Sony anunciou um novo reajuste nos preços de diversos jogos na PlayStation Store brasileira. Lançamentos como Death Stranding 2 e The Outer Worlds 2 agora custam R$ 455,90 pelo jogo base. Para muitos, pode parecer apenas mais uma atualização de tabela. Mas, para quem vive e joga no Brasil, esse tipo de mudança vai muito além da economia: ela escancara um problema estrutural que vem afastando cada vez mais os jogadores dos lançamentos e da indústria como um todo.

O gamer brasileiro já sobrevive em um dos mercados mais hostis do mundo. Carga tributária elevada, instabilidade cambial, preços em dólar, falta de incentivos e — agora — reajustes abusivos nas principais lojas digitais. A sensação é de que somos constantemente deixados à margem da experiência completa que as grandes publishers vendem lá fora. E, quando a própria Sony, uma das líderes do setor, decide aumentar os preços sem oferecer contrapartidas visíveis, o que sobra é frustração.

É claro que as empresas têm o direito (e até a necessidade) de se ajustar ao cenário econômico global. A inflação, a variação do dólar e os custos de operação impactam, sim, o preço final de qualquer produto. Mas existe uma diferença brutal entre repassar custos e simplesmente repassar o problema para o consumidor. Não vimos nenhuma movimentação concreta da Sony para mitigar os efeitos desse reajuste por aqui. Inclusive tendo aumentado os valores do serviço PS Plus sem nenhuma contrapartida concreta! Só o aumento — sem cuspe e sem massagem.

E isso atinge especialmente um público que já está habituado a se virar como pode: espera promoções, compartilha contas, recorre à mídia física usada, migrar para plataformas com custo-benefício melhor como o PC ou o Game Pass. Em vez de fortalecer esse relacionamento com soluções regionais, a Sony parece cada vez mais distante da realidade brasileira.

Qual o futuro do jogador brasileiro dentro do ecossistema PlayStation? Será que vale a pena continuar investindo em uma plataforma onde o acesso a jogos novos está cada vez mais restrito? Ou vamos ver uma debandada gradual rumo a alternativas mais viáveis financeiramente?

A resposta não é simples. Muitos jogadores criaram um vínculo emocional com a marca PlayStation, e abandonar isso é difícil. Mas a paixão tem limite — e o limite, no Brasil, é o bolso. Se os preços continuarem subindo sem uma resposta condizente com a realidade local, o distanciamento será inevitável.

Defender o acesso democrático aos videogames não é romantismo: é reconhecer que cultura, entretenimento e tecnologia também precisam ser acessíveis. E isso só será possível quando empresas como a Sony deixarem de tratar o Brasil como um mercado de segunda classe e começarem a nos enxergar como parte do presente — e não apenas do faturamento.

Sobre o Autor

Compartilhe esse post nas suas redes sociais

Leave a comment

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.