REVIEW – CRONOS: THE NEW DAWN

A Bloober Team está de volta, e mais uma vez mergulha fundo na mente humana — dessa vez em uma Polônia pós-apocalíptica repleta de ecos do passado e horrores do presente. Cronos: The New Dawn não reinventa o gênero survival horror, mas entrega algo que os fãs vão adorar: atmosfera pesada, narrativa intrigante e um mundo absurdamente bem construído. Confira o review de Cronos: The New Dawn.

 

Um novo amanhecer na velha Polônia

A história nos leva à metrópole de New Dawn, uma cidade destruída, coberta de ruínas e concreto frio. É nesse cenário que controlamos a Viajante, uma personagem misteriosa capaz de usar fendas temporais para retornar ao passado e descobrir o que causou o colapso da civilização.

É um ponto de partida simples, mas que esconde camadas e mais camadas de segredos. Cada nova descoberta levanta mais perguntas do que respostas — e é justamente isso que prende o jogador. Cronos é aquele tipo de jogo que te faz pensar “ok, mais 10 minutos”… e quando percebe, já se passaram horas.

O grande diferencial de Cronos está no mundo que ele constrói. A Bloober recriou com precisão o clima urbano e decadente da Polônia comunista — apartamentos antigos, fábricas abandonadas, hospitais vazios cheios de lembranças de um passado não tão distante. Cartazes em polonês, objetos cotidianos da época e até propagandas antigas ajudam a criar uma sensação de familiaridade perturbadora. É o que os desenvolvedores chamam de “herança do pós-comunismo” — e o resultado é uma ambientação tão realista que se torna ainda mais assustadora.

O design de som é um show à parte. Cronos não precisa de sustos baratos — ele te deixa tenso com rangidos metálicos distantes, sussurros repentinos e batidas atrás de portas. A trilha sonora acompanha cada momento com precisão cirúrgica, reforçando o clima opressor sem nunca roubar a cena.

Viagens no tempo (nem tão marcantes assim)

Um dos elementos centrais da trama é a viagem no tempo. Na teoria, parecia promissor — voltar à Polônia antes do apocalipse e alterar o presente. Mas na prática, o recurso é subutilizado.

Os saltos temporais geralmente nos levam a momentos em que o mundo já está desmoronando, o que limita as diferenças visuais e de jogabilidade. É uma pena, porque o potencial era enorme. Ainda assim, a mecânica tem impacto narrativo, e serve para manter o enredo coeso e cheio de suspense.

Jogabilidade: entre o clássico e o previsível

Cronos aposta na velha fórmula do survival horror: explorar corredores estreitos, gerenciar recursos escassos, resolver puzzles e enfrentar criaturas grotescas.

O sistema de tiro é o destaque — cada arma tem peso, recuo e impacto. Os inimigos reagem aos disparos e as animações de recarga são fluídas. Há um sistema de upgrades simples, mas eficiente, que torna o combate satisfatório.

Por outro lado, a repetição pesa. As lutas contra chefes seguem quase sempre o mesmo padrão: encontrar um barril explosivo, atirar, e depois acertar o ponto fraco. O combate corpo a corpo é pouco recompensador, tornando-se apenas um último recurso. O resultado é um sistema sólido, porém previsível.

Uma das ideias mais interessantes — a fusão de inimigos, que permite que criaturas absorvam corpos caídos e ganhem novas habilidades — também acaba ficando no papel. Funciona, mas não impacta a jogabilidade como deveria.

Exploração e puzzles

Explorar os ambientes é uma das partes mais prazerosas do jogo. Cada cenário conta uma história visual — um tabuleiro de xadrez inacabado, móveis tombados, manchas de sangue seco.

Os puzzles, por outro lado, são simples e servem mais para controlar o ritmo do que para desafiar o jogador. Para alguns, isso é uma limitação; para outros, é uma forma inteligente de manter o foco na atmosfera e na narrativa.

Veredito

Cronos: The New Dawn é um jogo de contrastes. De um lado, impressiona pela maturidade na construção de mundo e pela imersão cinematográfica. Do outro, decepciona por não ousar tanto nas mecânicas de jogo.

Mas mesmo com suas falhas, é uma experiência que vale muito a pena — especialmente para quem sente falta dos survival horrors clássicos, com foco em história, atmosfera e tensão constante.

A Bloober Team mostra que está mais confiante do que nunca e, se decidir expandir esse universo sombrio de concreto e saudade, Cronos pode facilmente se tornar uma nova referência do gênero.


A análise de Cronos: The New Dawn foi feita no PlayStation 5 com uma chave de acesso fornecida pela assessoria de imprensa.

CRONOS: THE NEW DAWN

7.5

GRÁFICOS

8.0/10

AMBIENTAÇÃO

8.0/10

JOGABILIDADE

7.0/10

PUZZLE

7.0/10

Pros

  • Enredo envolvente e misterioso
  • Mundo pós-apocalíptico polonês extremamente atmosférico
  • Design de som
  • Sistema de tiro satisfatório

Cons

  • Mecânicas de viagem no tempo e fusão subaproveitadas
  • Combate desequilibrado e repetitivo
  • Puzzles simples demais
  • Sistema de autosave inconsistente

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