REVIEW – CALL OF DUTY: BLACK OPS 7

Costumo dizer que a franquia Call of Duty é um game multiplayer que tem uma campanha. A Activision sempre focou mais na experiência multiplayer do que em criar histórias sólidas e interessantes. Não que estas sejam ruins, muito pelo contrário, a trama de Manson é bem legal e com momentos dignos de cinema. Porém, seu antecessor (leia nossa análise aqui), apesar de uma campanha interessante, já mostrava sinais de cansaço. E Call of Duty: Black Ops 7 veio para confirmar que a Activision quer mesmo vender moedinhas no modo online.

Call of Duty: Black Ops 7 – Visual de Cinema, Alma de Fantasia

A Activision investiu pesado no “star power”. Milo Ventimiglia assume o manto de David Mason com uma gravidade impressionante, entregando uma performance madura que ancora a trama. Ao seu lado, Michael Rooker rouba a cena, trazendo carisma e brutalidade. A captura de movimento e a dublagem são de classe mundial, criando cinemáticas que, isoladamente, poderiam pertencer a um filme de guerra de alto orçamento.

No entanto, o roteiro tropeça ao tentar justificar o retorno de Raul Menendez. O uso de “armas psicológicas” e alucinações induzidas pela tecnologia da The Guild (liderada pela CEO Emma Kagan, uma antagonista que merecia mais tempo de tela) soa, por vezes, como uma muleta narrativa para desfazer as consequências dramáticas dos jogos anteriores. A trama flerta com temas profundos sobre controle mental, mas acaba se perdendo em reviravoltas que priorizam o choque em vez da coerência.

Quando você está atirando, Black Ops 7 é imbatível. O “gunplay” é responsivo, pesado e gratificante, mantendo a coroa da franquia. O arsenal futurista de 2035 é criativo, oferecendo gadgets táticos que abrem novas possibilidades de combate, e a introdução de veículos pilotáveis adiciona uma escala bem-vinda às batalhas.

O problema reside na estrutura das missões. O jogo foi desenhado fundamentalmente como uma Campanha Cooperativa. Isso significa que, ao jogar solo, a inteligência artificial dos inimigos não ajuda; você enfrenta ondas desenhadas para quatro jogadores, transformando o que deveria ser um tiroteio tático em uma gestão de caos frustrante. A sensação de ser um “exército de um homem só” aqui não é de poder, mas de sobrecarga. A dificuldade não ajustável é um erro de design imperdoável para um título de 2025, alienando jogadores casuais ou aqueles que buscam apenas a narrativa.

O Bar dos Gamers precisa ser taxativo: a exigência de conexão constante à internet para a campanha solo é desconcertante. Além de criar problemas de preservação do jogo a longo prazo, gera situações absurdas onde uma queda de conexão encerra sua sessão single-player.

Somado a isso, temos a duração da campanha. Finalizar a história em meras 5 horas deixa um gosto amargo. Parece que estamos jogando um prólogo estendido para o modo multiplayer, e não uma campanha completa. Black Ops 6, por exemplo, ofereceu cerca de 8 horas. Ainda é pouco, mas mesmo assim é mais do que Black Ops 7. O mínimo esperado era uma campanha com um tempo pelo menos igual ao o antecessor. A obrigatoriedade do online, mesmo com a função cooperativa desativada, reforça a ideia de que a Activision vê a campanha apenas como um serviço, e não como uma obra fechada.

A mudança mais polarizante é o tom. Enquanto Black Ops 6 usou zumbis de forma cirúrgica, Black Ops 7 descambou para o fantástico. A presença de chefes gigantescos que ocupam a tela inteira e hordas de mortos-vivos integrados à campanha principal transforma o jogo em um verdadeiro Resident Evil militar.

Embora visualmente impactantes, esses elementos desvirtuam a ideologia do Call of Duty de apresentar uma “guerra real” ou plausível. A tensão política de enfrentar um terrorista como Menendez se dilui quando, cinco minutos depois, você está atirando em um monstro bio-mecânico de 10 metros de altura. O jogo não sabe se quer ser um thriller geopolítico ou um shooter de fantasia arcade, e essa indecisão prejudica a imersão.

Veredito Bar dos Gamers

Call of Duty: Black Ops 7 é a prova viva de que certas franquias não precisam lançar uma nova versão de seus jogos todos os anos. Isso satura a própria série e deixa os jogadores enjoados. Apesar de seu modo online bastante intenso, com modos variados e um grande público, um novo game todo ano só para ter uma campanha, não vale a pena. No final do dia a impressão é de que a Activision só quer o seu dinheiro. Errado eles não estão, mas que pelo menos façam por merecer.


A análise de Call of Duty: Black Ops 7 foi feita no PlayStation 5 através de uma chave de acesso fornecida pela assessoria de imprensa

CALL OF DUTY: BLACK OPS 7

6.8

GRÁFICOS

10.0/10

JOGABILIDADE

9.0/10

NARRATIVA

6.0/10

ROTEIRO

4.0/10

DIVERSÃO

5.0/10

Pros

  • Gráficos
  • Gameplay

Cons

  • Roteiro confuso e fraco
  • Resident Evil ou Call of Duty?
  • Conexão permanente mesmo na campanha
  • Campanha curtíssima

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